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Brasília – a Cidade, o Urbanista e o Artista – Beatriz Brasil – parte 1

Brasília – A Cidade, o Urbanista e o Artista
parte 1

 

Um estudo sobre Brasília

O traçado definindo uma sociedade

Beatriz Helena Brasil

 

Esta pesquisa teve por objetivo, apresentar um estudo sobre a evolução arquitetônica e urbanística de Brasília por meio de imagens e textos, fazendo uma relação entre a Cidade, o Urbanista e o Artista. O estudo tomou como base a cidade projetada pelo arquiteto e urbanista Lucio Costa, seu traçado original, a arquitetura produzida sob a ótica do movimento Moderno no momento da construção e a trajetória arquitetônica da cidade até os dias atuais, suas tendências, influências sofridas e algumas discrepâncias com os moldes ideológicos da concepção inicial, apesar do tombamento.

Além do Memorial do Plano Piloto e do projeto de Lucio Costa, foram utilizados os textos escritos por Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim em 1961, para a Sinfonia da Alvorada, representando o artista.

 


 

 

            Para entender esta cidade é preciso antes de tudo situar-se no contexto histórico, político e cultural da época de sua construção além de, observar as influências que o urbanismo e a arquitetura Moderna exerceram em sua concepção, as tendências impostas por essas teorias e a coragem de alguns homens de romper as amarras existentes desde a nossa colonização, tanto no campo político, quanto na área da arquitetura, do urbanismo e das artes em geral.

           

A construção de Brasília não teve a simples intenção de mudar a Capital do país de um Estado para outro. Seu significado era o de abrigar a sede do governo. Este aspecto influenciou, e influencia até hoje na formação da cultura desta cidade. A transferência de funcionários do governo e suas famílias, as relações criadas entre seus habitantes, os diversos costumes e hábitos trazidos de todas as partes do país  e até mesmo, de outros países, determinaram em grande parte a ligação dos moradores com o lugar, com a cidade.

           

Devemos lembrar que a arquitetura moderna brasileira despertou em 1927 com a construção da primeira casa modernista projetada por Warchavchik em São Paulo. Também  Rino Levi, Álvaro Vital Brasil e Oscar Niemeyer impulsionaram o processo de modernização da arquitetura, influenciados por Mies van der Rohe, Walter Gropius e em especial por Le Corbusier. Desde essa época, quando tem origem a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, a Escola Carioca tornou-se o movimento que irradiava as idéias modernistas no Brasil. Lucio Costa foi o teórico deste movimento, que teve como seus maiores representantes Oscar Niemeyer, Milton e Marcelo Roberto e Affonso Eduardo Reidy, dentre outros.

 

Estes arquitetos, por meio de seus trabalhos, cursos de arquitetura e através da criação de instituições voltadas para esta área, expandiram suas experiências, suas técnicas de construção e de preocupação com o conforto ambiental. A tecnologia avançado do concreto armado e os materiais regionais, a utilização de normas urbanas e a implantação de novas formas de habitações multi e unifamiliares, com introdução dos espaços e equipamentos para o trabalho, o lazer e o ensino, juntaram-se às lajes curvas, aos terraços, às varandas e marquises, aos brises-soleil e cobogós, elementos largamente incorporados à arquitetura de Brasília e que consistem nos elementos básicos característicos da Escola Carioca.

 

 

“Dêste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sôbre o amanhã do meu país e antevejo esta Alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande Destino.” (1)

2 de outubro de 1956, Juscelino Kubitschek

 

            Com estas palavras proferidas em sua primeira visita ao local onde seria construída a nova Capital, o Presidente Juscelino Kubitschek lançou um sonho, um desafio, a possibilidade de colocar em prática a ideologia da cidade Moderna.

 

A idéia de transferir a Capital do país para a região central era antiga, a Constituição Nacional promulgada em 1946, acompanhando a Constituição de 1891, estabeleceu em seu Artigo 4o. que: “A Capital da União será transferida para o Planalto Central do país”.(2)

 

(1)   Citação de Juscelino – 1a. visita ao Planalto Central – 1956

  (2)   Art. 4o. Constituição dos Estados Unidos do Brasil, 1946

 

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Athos Bulcão


Athos Bulcão, o artista

Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos passou sua infância em uma casa ampla em Teresópolis. Perdeu a mãe, Maria Antonieta da Fonseca Bulcão, de enfisema pulmonar antes dos cinco anos e foi criado com seu pai, Fortunato Bulcão, entusiasta da siderurgia, amigo e sócio de Monteiro Lobato, com o irmão Jayme, 11 anos mais velho, e com suas irmãs adolescentes Mariazinha e Dalila, que substituíram a mãe.

Enquanto crescia, passsava muito tempo dentro de casa e, por ser muito tímido, misturava fantasia e realidade. Na família havia um interesse pela arte e suas irmãs o levavam freqüentemente ao teatro, ao Salão de Artes, aos espetáculos das companhias estrangeiras, à ópera e à Comédia Francesa. Athos aos quatro anos ouvia Caruso no gramofone, e ensaiava desenhos sem no entanto chamar a atenção da família; chegou às artes graças a uma série de acidentais e providenciais lances do acaso.

Athos foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, os maiores responsáveis por sua formação. Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx –, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira entre outros.

Salão Verde do Congresso Nacional, Brasília – foto Beatriz Brasil, 2007

Aos 21 anos, os amigos o apresentaram a Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha e aprendeu muitas lições importantes sobre desenhos e cores. Antes de pintar, planeja as cores que vai usar e acredita fervorosamente que o artista tem de saber o que quer fazer. Athos não acredita em inspiração. Para ele, o que existe é o talento e muito trabalho. "Arte é cosa mentale", diz, citando Leonardo da Vinci.

Salão Verde do Congresso Nacional, Brasília – foto Beatriz Brasil, 2007

A trajetória artística de Athos Bulcão é especialmente consagrada ao público em geral. Não ao que freqüenta museus e galerias, mas ao que entra acidentalmente em contato com sua obra, quando passa para ir ao trabalho, à escola ou simplesmente passeia pela cidade, impregnada pela sua obra, que "realça" o concreto da arquitetura de Brasília.

Athos Bulcão é o artista de Brasília! As obras que aqui realizou foram feitas para o convívio com a população e carregam a consideração por esta cidade e seus habitantes.

fonte: http://www.fundathos.org.br/athosbulcao.php

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Brasília Revisitada, 1987


 

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Brasília Revisitada

 

  

Anexo I do Decreto nº 10.829/1987 – GDF e da Portaria nº 314/1992 – Iphan.

 

Agradeço ao Governador José Aparecido de Oliveira bem como ao seu Secretário de Viação e Obras Carlos Magalhães por esta oportunidade de ainda fazer algumas ponderações.

Brasília vive hoje um momento decisivo. Nos trinta anos decorridos desde a apresentação do plano-piloto ao júri internacional que escolheria a proposta a ser implantada (l0.03.57) a cidade consolidou-se, de fato, como capital definitiva do país.

Vendo Brasília atualmente, o que surpreende, mais que as alterações, é exatamente a semelhança entre o que existe e a concepção original.

É evidente que uma cidade inaugurada há pouco mais de 25 anos está no começo de sua existência, passada a fase de consolidação a vitalidade urbana é manifesta e crescente, sobretudo agora, com o restabelecimento do poder civil que a gerou — Brasília preenche suas áreas ainda desocupadas e quer se expandir.

Não menos evidente é o fato de que — por todas as razões — a capital é histórica de nascença, o que não apenas justifica mas exige que se preserve, para as gerações futuras, as características fundamentais que a singularizam.

É exatamente na concomitância destas duas contingências que reside a peculiaridade do momento crucial que Brasília hoje atravessa: de um lado, como crescer assegurando a permanência do testemunho da proposta original, de outro, como preservá-la sem cortar o impulso vital inerente a uma cidade tão jovem.

"A liberação do acesso ao concurso reduziu de certo modo a consulta àquilo que de fato importa, ou seja, a concepção urbanística da cidade propriamente dita, porque esta não será, no caso, uma decorrência do planejamento regional, mas a causa dele, a sua fundação é que dará ensejo ao ulterior desenvolvimento planejado da região. Trata-se de um ato deliberado de posse, de um gesto de sentido ainda desbravador nos moldes da tradição colonial. E o que se indaga é como, no entender de cada concorrente, uma tal cidade deve ser concebida." (introdução à memória descritiva do plano-piloto)

Assim, o plano-piloto (como de resto as outras propostas apresentadas) foi, na realidade, uma concepção já traduzida em termos de projeto urbano, e não apenas uma definição preliminar de partido e diretrizes gerais relativas a uso e ocupação do solo, e isto porque o objetivo era a transferência da capital — e não a elaboração de projeto — em 3 anos.

"Se a sugestão é válida, estes dados, conquanto sumários na sua aparência, já serão suficientes, pois revelarão que apesar da espontaneidade original, ela foi, depois, intensamente pensada e resolvida." (memória descritiva do plano piloto).

 

Características Fundamentais do Plano Piloto

 

1 – A interação de quatro escalas urbanas 

A concepção urbana de Brasília se traduz em quatro escalas distintas: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica.

A presença da escala monumental — "não no sentido da ostentação, mas no sentido da expressão palpável, por assim dizer, consciente daquilo que vale e significa" — conferiu à cidade nascente, desde seus primórdios, a marca inelutável de efetiva capital do país.

A escala residencial, com a proposta inovadora da Superquadra, a serenidade urbana assegurada pelo gabarito uniforme de seis pavimentos, o chão livre e accessível a todos através do uso generalizado dos pilotis e o franco predomínio do verde, trouxe consigo o embrião de uma nova maneira de viver, própria de Brasília e inteiramente diversa da das demais cidades brasileiras.

A escala gregária, prevista para o centro da cidade — até hoje ainda em grande parte desocupado — teve a intenção de criar um espaço urbano mais densamente utilizado e propício ao encontro.

As extensas áreas livres, a serem densamente arborizadas ou guardando a cobertura vegetal nativa, diretamente contígua a áreas edificadas, marcam a presença da escala bucólica.

A escala monumental comanda o eixo retilíneo — Eixo Monumental — e foi introduzida através da aplicação da "técnica milenar dos terraplenos" (Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios), da disposição disciplinada porém rica das massas edificadas, das referências verticais do Congresso Nacional e da Torre de Televisão e do canteiro central gramado e livre da ocupação que atravessa a cidade do nascente ao poente.

As Superquadras residenciais, intercaladas pelas Entrequadras (comércio local, recreio, equipamentos de uso comum) se sucedem, regular e linearmente dispostas ao longo dos 6 km de cada ramo do eixo arqueado – Eixo Rodoviário-Residencial. A escala definida por esta seqüência entrosa-se com a escala monumental não apenas pelo gabarito das edificações como pela definição geométrica do território de cada quadra através da arborização densa da faixa verde que a delimita e lhe confere cunho de "pátio interno" urbano.

A escala gregária surge, logicamente, em torno da interseção dos dois eixos, a plataforma rodoviária, elemento de vital importância na concepção da cidade e que se tornou, além do mais, o ponto de ligação de Brasília com as cidades satélites. No centro urbano, a densidade de ocupação se previu maior e os gabaritos mais altos, à exceção dos dois Setores de Diversões.

E a intervenção da escala bucólica no ritmo e na harmonia dos espaços urbanos se faz sentir na passagem, sem transição, do ocupado para o não-ocupado — em lugar de muralhas, a cidade se propôs delimitada por áreas livres arborizadas.

 

2 – A estrutura viária 

O plano de Brasília teve a expressa intenção de trazer até o centro urbano a fluência de tráfego própria, até então, das rodovias; quem conheceu o que era a situação do trânsito no Rio de Janeiro, por exemplo, na época, entenderá talvez melhor a vontade de desafogo viário, a idéia de se poder atravessar a cidade de ponta a ponta livre de engarrafamentos.

O que permanece incompreensível é até hoje não existir – pelo menos na área urbana – um serviço de ônibus municipal impecável, que se beneficie das facilidades existentes (apenas a título de exemplo: as pistas laterais do Eixo Rodoviário-Residencial — destinadas prioritariamente ao transporte coletivo — têm mão nos dois sentidos; no entanto sua utilização pelos ônibus só se faz numa direção em cada uma delas). Bem como não se ter ainda introduzido o sistema de "transferência" que se impõe para que o passageiro não seja onerado indevidamente.

A estrutura viária da cidade funciona como arcabouço integrador das várias escalas urbanas.

 

3 – A questão residencial 

O plano-piloto optou por concentrar a população próximo ao centro (Eixo Rodoviário-Residencial), através da criação de áreas de vizinhança que só admitem habitação multifamiliar; mas habitação multifamiliar não na forma de apartamentos construídos em terrenos inadequados e constrangendo os moradores das residências vizinhas, como geralmente ocorre.

A proposta de Brasília mudou a imagem de "morar em apartamento", e isto porque morar em apartamento na Superquadra significa dispor de chão livre e gramados generosos contíguos à "casa" numa escala que um lote individual normal não tem possibilidade de oferecer.

E prevaleceu a idéia de distribuir a ocupação residencial em áreas definidas "a priori" para apartamentos (Superquadras) e para casas isoladas — estas, mais afastadas do centro.

 

4 – Orla do lago 

O Plano-piloto refuga a imagem tradicional no Brasil da barreira edificada ao longo da água; a orla do lago se pretendeu de livre acesso a todos, apenas privatizada no caso dos clubes. É onde prevalece a escala bucólica.

 

5 – A importância do paisagismo 

"De uma parte, técnica rodoviária; de outra técnica paisagística de parques e jardins." (memória descritiva do plano-piloto)

A memória descritiva do plano deixou clara a importância da volumetria paisagística na interação das quatro escalas urbanas da cidade; o canteiro central da Esplanada gramado, as cercaduras verdes das Superquadras, a massa densamente arborizada prevista para os Setores Culturais (ainda até hoje desprovidos de vegetação).

Daí a importância da remoção — enquanto é tempo — das palmeiras imperiais indevidamente plantadas ao longo do Eixo Rodoviário-Residencial para o Eixo Monumental; as razões desta impugnação foram claramente explicadas em dois pareceres anexados a este relato.

 

São de recomendar, ainda, providências imediatas para a criação de massas compactas de araucária na área abaixo do terrapleno da Praça dos Três Poderes, para que seu verde escuro sirva de fundo e valorize o branco dos palácios, bem como o plantio de renques de pau-rei no entorno direto do edifício do Tribunal de Contas da União — imperdoável aberração no local onde se encontra — a fim de atenuar sua lamentável interferência visual no conjunto da Praça.

 

6 – A presença do céu 

Da proposta do plano-piloto resultou a incorporação à cidade do imenso céu do planalto, como parte integrante e onipresente da própria concepção urbana — os "vazios" são por ele preenchidos; a cidade é deliberadamente aberta aos 360 graus do horizonte que a circunda.

 

7 – O não alastramento suburbano 

A implantação de Brasília partiu do pressuposto que sua expansão se faria através de cidades satélites, e não da ocupação urbana gradativa das áreas contíguas ao núcleo original. Previa-se a alternância definida de áreas urbanas e áreas rurais — proposição contrária à idéia do alastramento suburbano extenso e rasteiro.

Assim, a partir do surgimento precoce e improvisado das cidades satélites, prevaleceu até agora a intenção de manter entre estes núcleos e a capital uma larga faixa verde, destinada a uso rural.

Tal abordagem teve como conseqüência positiva a manutenção, ao longo de todos esses anos, da feição original de Brasília. Mas, em contrapartida, a longa distância entre as satélites e o "Plano Piloto" isolou demais a matriz dos dois terços de sua população metropolitana que reside nos núcleos periféricos, além de gerar problemas de custo para o transporte coletivo.

Daí a proposta apresentada no início do atual governo da implantação de Quadras Econômicas — ou Comunitárias — ao longo das vias de ligação entre Brasília e as cidades satélites, sendo mantida a destinação das áreas aos fundos desta orla urbanizada à cultura hortigranjeira.

 

COMPLEMENTAÇÃO E PRESERVAÇÃO

 

Complementar e preservar estas características significa, por conseguinte:

 

1 – Proceder ao tombamento do conjunto urbanístico-arquitetônico da Praça dos Três Poderes, incluindo-se os palácios do Itamarati e da Justiça, de vez que constituem sua vinculação arquitetônica com a Esplanada dos Ministérios, cuja perspectiva ficará valorizada com a transferência das palmeiras imperiais.

 

2 – Manter os gabaritos vigentes nos dois eixos e em seu entorno direto (até os Setores de Grandes Áreas, inclusive), permanecendo não edificáveis as áreas livres diretamente contíguas, e baixa a densidades, com gabaritos igualmente baixos, nas áreas onde já é prevista ocupação entre a cidade e a orla do lago. Isto é fundamental.

Brasília, a capital, deverá manter-se "diferente" de todas as demais cidades do país: não terá apartamentos de moradia em edifícios altos; o gabarito residencial não deverá ultrapassar os seis pavimentos iniciais, sempre soltos do chão. Este será o traço diferenciador — gabarito alto no centro comercial, mas deliberadamente contido nas áreas residenciais, a fim de restabelecer, em ambiente moderno, escala humana mais próxima da nossa vida doméstica e familiar tradicional.

 

3 – Garantir a estrutura das unidades de vizinhança do Eixo Rodoviário – Residencial, mantendo a entrada única nas Superquadras, a interrupção das vias que lhes dão acesso — para evitar tráfego de passagem — bem como ocupando devidamente as Entrequadras não comerciais com instalações para esporte e recreio e demais equipamentos de interesse comunitário, sobretudo escolas públicas destinadas ao ensino médio. Proibir a vedação das áreas cobertas de acesso aos prédios (pilotis) e dos parqueamentos — cobertos ou não.

 

4 – Reexaminar os projetos dos setores centrais, sobretudo os ainda pouco edificados, no sentido de propiciar a efetiva existência da escala gregária — além da Rodoviária e dos dois Setores de Diversões — prevendo percursos contínuos e animados para pedestres e circulação de veículos dentro dos vários quarteirões, cuja ocupação deve, em princípio, voltar-se mais para as vias internas do que para as periféricas.

Neste mesmo sentido, não insistir na excessiva setorização de usos no centro urbano — aliás, de um modo geral, nas áreas não residenciais da cidade, excetuando o centro cívico. O que o plano propôs foi apenas a predominância de certos usos, como ocorre naturalmente nas cidades espontâneas.

5 – Providenciar as articulações viárias necessárias para fazer prevalecer na cidade de hoje a mesma clareza e fluência viárias contidas no risco original e, paralelamente, "arrematar" a cidade como um todo (recomendo neste sentido consulta ao trabalho "Brasília 57-85")

 

6 – Proceder urgentemente às obras de recuperação da Plataforma Rodoviária, que devem ser coordenadas por arquiteto identificado com o projeto original, a ser mantido com rigorosa fidelidade.

 

7 – Acabar devidamente e manter sempre limpos os logradouros de estar. A começar pelas duas pracinhas da Plataforma Rodoviária — cuidar das plantas, dos bancos e do permanente funcionamento das fontes.

 

ADENSAMENTO E EXPANSÃO URBANA DO "PLANO PILOTO"

 

Uma vez assegurada a proteção do que se pretende preservar, trata-se agora de verificar onde pode convir ocupação — predominantemente residencial — em áreas próximas do "Plano Piloto", ou seja, na bacia do Paranoá, e de que forma tal ocupação deve ser conduzida para integrar-se ao que já existe, na forma e no espírito, ratificando a caracterização de cidade parque — "derramada e concisa" — sugerida como traço urbano diferenciador da capital.

Como já foi mencionado, a primeira proposição neste sentido foi a implantação intermitente de seqüências de Quadras Econômicas ao longo das vias de ligação entre Brasília e as cidades satélites. A proposta visou aproximar de Brasília as populações de menor renda, hoje praticamente expulsas da cidade — apesar da intenção do plano original ter sido a oposta – e, ao mesmo tempo, dar também a elas acesso à maneira de viver própria da cidade e introduzida pela superquadra.

Na Quadra Econômica — espécie de "pré-moldado" urbano — a disposição escalonada dos blocos (pilotis e três pavimentos) ao longo da trama viária losangular abre, no interior de cada quadra espaço livre para instalação dos complementos da moradia: lugar para jogos ao ar livre, "áreas de encontro" cobertas para os moços e para os velhos, creche, jardim de infância. A existência deste "quintal comum", com a quase totalidade de chão aberta ao uso de todos, e desses complementos ou "extensões da habitação", ensejando desafogo de tensões, possibilitam convívio doméstico em clima de descontração, mesmo em apartamentos mínimos, além de assegurar boa densidade populacional (cerca de 500 hab/ha). Ao mesmo tempo, essa implantação compacta reduz sensivelmente o custo da infraestrutura urbana uma vez que não compromete grandes superfícies.

Quando, ao longo das vias de ligação, for fisicamente inviável a implantação de Quadras Econômicas, podem ser admitidos núcleos residenciais multifamiliares de outro tipo, desde que com gabarito máximo de pilotis e quatro pavimentos e taxa de ocupação do terreno análogas às das quadras. Em qualquer caso, deve ser reservada faixa contígua à estrada para densa arborização.

Chegando a Brasília propriamente dita, seis áreas comportam ocupação residencial multifamiliar; sendo diretamente vinculadas ao "Plano Piloto" passam, por conseguinte, a interferir no jogo das escalas urbanas.

As duas primeiras (A e B), na parte oeste da cidade, resultam da distância excessiva entre a Praça Municipal e a Estrada Parque Indústria e Abastecimento decorrente do deslocamento do conjunto urbano em direção ao lago recomendado por Sir William Holford no julgamento do concurso.

A terceira (C), já proposta em 1984, está ligada à intenção de se fixar a Vila Planalto.

A quarta (D), é sugerida pela existência de centros comerciais consolidados na área fronteira.

E as duas últimas (E e F) visam abrir perspectiva futura de maior oferta habitacional multifamiliar em áreas que, embora afastadas, vinculam-se ao núcleo original tanto através da presença do lago como pelas duas pontes que se pretende construir (a primeira pessoa a me alertar para tal possibilidade foi o economista Eduardo Sobral, mais de 10 anos atrás). Poderiam ser chamadas "Asas Novas" — Asa Nova Sul e Asa Nova Norte.

Na implantação dos dois novos bairros a oeste — Oeste Sul e Oeste Norte — foram previstas Quadras Econômicas (pilotis e três pavimentos) para responder à demanda habitacional popular e Superquadras (pilotis e seis pavimentos) para classe média, articuladas entre si por pequenos centros de bairro, com ocupação mais densa, gabaritos mais baixos(dois pavimentos sem pilotis) e uso misto.

A idéia de se implantar um renque de pequenas Quadras (240x240m) com gabarito de quatro pavimentos sobre pilotis ao longo da via localizada entre a Vila Planalto e o Palácio da Alvorada (área C) surgiu como única forma realista de, uma vez admitida a fixação da Vila, barrar de fato a gradual expansão de parcelamento em lotes individuais naquela direção, o que interferiria de forma não apenas inadequada mas desastrosa com a escala monumental tão próxima; à primeira vista, a presença destas quadras — Quadras Planalto — pode parecer contraditória com a recomendação de se manterem baixos a densidade e os gabaritos nas áreas onde é admitida ocupação entre o "Plano Piloto" e a orla do lago; na realidade, entretanto, o gabarito uniforme de quatro pavimentos ao longo de cerca de 1.000 metros cria uma dominante horizontal serena que, aliada à presença — indispensável — dos enquadramentos arborizados das Quadras assegura a harmonia do conjunto com seu entorno.

A ocupação residencial da quarta área (D) só é admissível na forma de renque singelo de pequenas quadras (como as Quadras Planalto, com pilotis e quatro pavimentos) ou de Quadras Econômicas (pilotis e três pavimentos). Em razão da localização desta área, a fim de evitar interferência negativa com o Eixo Rodoviário sul, além do gabarito ser mais baixo, toda a extensão de terreno compreendida entre as novas quadras e o Eixo deve permanecer não edificada ou destinada a usos que impliquem em baixa densidade de ocupação, e sempre cobertas de verde para diluir no arvoredo as construções.

A área E — Asa Nova Sul — sugere ocupação linear, também na forma de pequenas quadras como as Quadras Planalto, com gabarito uniforme de 4 pavimentos sobre pilotis e cercadura arborizada.

Já na área F, muito mais extensa e com topografia peculiar, a ocupação deve prever Quadras Econômicas ou conjuntos geminados para atender à população de menor renda , e considerar a eventual possibilidade de fixacão, em termos adequados, da atual Vila Paranoá, Os demais núcleos de edifícios residenciais devem ser soltos do chão, tendo, no máximo, 4 pavimentos e com gabarito de preferência uniforme para que se mantenha, apesar da ocupação, a serenidade da linha do horizonte, sendo cada conjunto, — desta vez de fato e de saída — emoldurado por farta arborização. Os centros de bairro, mais densamente ocupados, devem sempre ter gabaritos mais baixos.

Nessas "Asas Novas", mesmo quando de configuração diversificada, deve também prevalecer a mesma conotação de cidade parque, vale dizer, pilotis livres, predomínio de verde, gabaritos baixos.

Convém ainda destinar parte da Asa Nova Norte a parcelamento em lotes individuais, aproveitando os caprichos da topografia, respeitada a proteção arborizada dos córregos e nascentes. Assim, esta expansão futura atenderá às três faixas de renda.

No intuito de tornar a área das "Mansões" criadas por Israel Pinheiro economicamente mais adequadas, propõe-se admitir nelas uso condominial, onde metade da área original, ou seja, 10.000 m2, seriam preservados para a casa matriz, podendo a outra metade comportar até 5 novas unidades, todas com entrada comum — independentemente ou não da entrada principal — e constituindo um só conjunto embora sendo, eventualmente, delimitadas por cercas vivas; seria também admissível nessas áreas a instalação de clubes de recreio.

E convém insistir no atendimento à necessidade de habitação popular através da implantação, em grande escala, de Quadras Econômicas, apelando inclusive para as possibilidades da fabricação em série, dentro da tecnologia desenvolvida pelo arquiteto João Filgueiras Lima, e que já conta com fábrica montada em Brasília.

Tudo depende, em última análise, de decisão convicta neste sentido — os meios de fazer acabam aparecendo. Como capital, cabe a Brasília inovar na matéria, mostrando ao país que existe esta alternativa aos tristes aglomerados monótonos de casinholas pseudo-isoladas que proliferam, e se tornaram a imagem melancólica do BNH.

Se computado o custo verdadeiro de cada unidade residencial — incluindo terreno, infraestrutura urbana e construção dos blocos de apartamentos e dos "complementos da moradia", cai por terra a idéia da casa isolada ser a solução economicamente mais viável para o problema da habitação popular. Tanto assim que em países com Cuba e China, onde o caixa é único e o dinheiro pouco, não se cogita de assentamentos residenciais rasteiros, até mesmo em áreas rurais. Além do que, o lote mínimo, com janelas confrontando e seu quintal inexistente porque em geral ocupado por outra família, nada tem a ver com a imagem romântica que se propaga da "casa própria".

Em todo o caso, para atendimento à demanda popular nos moldes tradicionais — lotes individuais — existe o projeto Samambaia, elaborado por técnicos do GDF na administração passada, inclusive com esta intenção.

 

CONCLUSÃO

 

O "quantum" populacional atingido pela abertura à ocupação dessas novas áreas, pelos adensamentos previstos, pela ocupação residencial multifamiliar nas margens das vias de ligação entre Brasília e as satélites, pelo adensamento controlado destes núcleos e pela implantação da Samambaia, deve ser considerado a população limite para a capital federal, a fim de não desvirtuar a função primeira — político-administrativa — que lhe deu origem. A Brasília não interessa ser grande metrópole.

Como nossa estrutura econômico-social induz à migração de populações carentes para os grandes centros urbanos, é essencial pensar-se desde já no desenvolvimento, em áreas próximas à capital de núcleos industriais capazes de absorver, na medida do possível, essas migrações com efetiva oferta de trabalho. Brasília não é, no caso, uma simples miragem. Cidade fundamentalmente político-administrativa e de prestação de serviços, a demanda de mão de obra, sobretudo não qualificada, é necessariamente menor embora a proximidade do poder central crie a ilusão de facilidades que, de fato, não existem.

Quanto ao escalonamento, no tempo, das implantações aqui sugeridas cabe ao Departamento de Urbanismo da Secretaria de Viação e Obras coordenar os estudos a serem feitos conjuntamente com as demais Secretarias e concessionárias de serviços públicos a fim de definir com segurança o melhor procedimento, bem como as tecnologias a serem utilizadas, tendo em vista o abastecimento de água e energia, o transporte, o saneamento e a preservação do meio ambiente, o controle da poluição do Lago Paranoá e a proteção da área a ser ocupada pela futura represa do São Bartolomeu — integrando, enfim, como um todo, as novas proposições e o planejamento do território do Distrito Federal.

Finalmente, o importante ao se pensar na complementação, na preservação, no adensamento ou na expansão de Brasília é não perder de vista a postura original, é estar-se imbuído de lucidez e sensibilidade no trato dos problemas urbanos; é perceber que coisas maiores e coisas menores têm importância análoga, consideradas cada uma em sua escala; é enfrentar os inúmeros problemas do dia a dia com disposição, firmeza e flexibilidade; é tanto saber dizer não como dizer sim na busca contínua da resposta adequada, — tarefa tantas vezes ingrata e inglória para os técnicos que participam dedicadamente de sucessivas administrações ; é fazer prevalecer o senso comum, fugindo das teorizações acadêmicas e protelatórias, e da improvisação irresponsável. É lembra-se que a cidade foi pensada "para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país."

O plano-piloto de Brasília não se propôs visões prospectivas de esperanto tecnológico, nem tampouco resultou de promiscuidade urbanística, ou de elaborada e falsa "espontaneidade".

Brasília é a expressão de um determinado conceito urbanístico, tem filiação certa, não é uma cidade bastarda. O seu "facies" urbano é o de uma cidade inventada que se assumiu na sua singularidade e adquiriu personalidade própria graças à arquitetura de Oscar Niemeyer e à sua gente.

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As quatro escalas de Brasília


As quatro escalas de Brasília

“É assim que, sendo monumental, é também cômoda, eficiente e íntima. É ao mesmo tempo derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional… Brasília, capital aérea e rodoviária; cidade-parque. Sonho arqui-secular do Patriarca.” Lucio Costa, Relatório do Plano Piloto de Brasília

Brasília – Torre de TV – projeto de Lucio Costa. foto beatriz brasil, 2007.

 

“Se formos buscar nos dicionários o termo ‘escala’, acharemos as mais diferentes definições: hierarquia, régua numerada, tempo que dura em parada um navio ou um avião etc.

É claro que nenhuma dessas possíveis significações da palavra indica o que o Mestre Lucio Costa quis exprimir ao utilizá-la.

Escala é um termo bastante utilizado no jargão dos arquitetos e urbanistas para indicar dimensão, tanto no sentido literal quanto no sentido figurado. Podemos dizer que um projeto foi elaborado em escala 1:20 (ou seja, vinte vezes menor do que o seu tamanho real) assim como podemos falar de um edifício que se adéqua à escala humana (uma construção de proporções aprazíveis para a utilização pelo homem).

O plano de Brasília não é apenas um desenho, é uma concepção de cidade, traduzida, nas palavras de seu criador, por quadro escalas distintas: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica.

A escala monumental está configurada pelo Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti. A escala residencial, que simboliza a nova maneira de viver, própria de Brasília, está representada pelas superquadras das Asas Sul e Norte. A gregária (ou de convívio) situa-se na Plataforma Rodoviária e nos setores de diversões, comerciais, bancários, hoteleiros, médico-hospitalares, de autarquias e de rádio e televisão Norte e Sul. A bucólica, por sua vez, confere a Brasília o caráter de cidade-parque é constituída por todas as áreas livres destinadas à preservação paisagística e ao lazer.

O Eixo Monumental congrega os edifícios que abrigam a alma político-administrativa do país e do governo local. Lá encontra-se o supra-sumo da expressão arquitetônica moderna brasileira, que obedece a um conceito ideal de pureza plástica, onde a intenção de elegância – firme e despojada – está sempre presente. É o ‘cartão de visitas’ da Cidade e configura, por isso, a escala monumental.

Brasília – Eixo Monumental e Esplanada dos Ministérios

A superquadra, tradução da escala residencial e talvez uma das mais inovadoras e acertadas contribuições atuais para a habitação multifamiliar, representa novo conceito de morar. Estruturalmente, no dizer do próprio Lucio Costa “é um conjunto de edifícios residenciais sobre pilotis (que têm em Brasília, pela primeira vez, presença urbana contínua) ligados entre si pelo fato de terem acesso comum e de ocuparem uma área delimitada – no caso um quadrado de 280 x 280 metros envolto por renques de árvores de copas densas – e com uma população de 2.500 a 3.000 pessoas. O chão é público – os moradores pertencem à quadra, mas a quadra não lhes pertence – e é esta a grande diferença entre superquadra e condomínio. Não há cercas nem guardas e, no entanto, a liberdade de ir e vir não constrange nem inibe o morador de usufruir de seu território, e a visibilidade contínua assegurada pelos pilotis contribui para a segurança”. Na inovadora proposta residencial estão incluídos os comércios locais e s entrequadras, que comportam as atividades de ensino, esporte, recreação e cultura de vizinhança.

Brasília – Superquadra residencial e comércio local – Eixo Residencial

A escala gregária, como já foi dito, está representada por todos os setores de convergência da população (setores comercial, bancário, de diversões e de cultura, hoteleiro, médico-hospitalar, de rádio e TV etc.) e tem como foco central a Plataforma Rodoviária, traço de união da metrópole com as demais cidades do Distrito Federal e do entorno.

Cruzamento do Eixo Monumental com o Eixo Rodoviário/Residencial – Plataforma Rodoviária e setor comercial sul e norte, setor bancário sul e norte

A escala bucólica permeia as outras três, pois é representada pelos gramados, pelas praças,pelas extensas áreas arborizadas, pelos jardins, pelos espaços de lazer, pela orla do Lago Paranoá, por todos os espaços, enfim, destinados ao deleite, ao descanso e ao devaneio, que dão o caráter de cidade-parque a Brasília e são responsáveis pelos altos índices de qualidade de vida da Capital. Por tal motivo, sua preservação é tão importante quanto a dos monumentos e das demais edificações.

Esplanada dos Ministérios vista da Torre de TV – foto beatriz brasil, 2008.

Brasília Revisitada

Depoimento de Lucio Costa, na obra “Lucio Costa, Registro de uma Vivência”

“O Plano Piloto de Brasília não se propôs visões prospectivas de esperanto tecnológico, tampouco resultou de promiscuidade urbanística ou de elaborada e falsa “espontaneidade”. Brasília é a expressão de um determinado conceito urbanístico, tem filiação certa, não é uma cidade bastarda. O seu “facies” é de uma cidade inventada que se assumiu na sua singularidade.

Em 1987 apresentei ao Secretário de Obras Carlos Magalhães e ao Governador José Aparecido de Oliveira um conjunto de recomendações relativas à complementação, preservação, adensamento e expansão urbana de Brasília – “Brasília Revisitada” -, documento que teve origem no trabalho “Brasília 57 – 85”.

Em lugar do texto apresentado, prefiro transcrever aqui parte de um documento escrito em janeiro de 1990, quando Brasília foi tombada, e que resume meu pensamento a respeito da preservação do Plano Piloto:

O mundo está cheio de cidades apenas vivas, que não interessam à Humanidade preservar. Mas no caso raro dessas cidades eleitas há sempre particularidades que precisam manter-se imunes a inovações e modismos, do contrário o que é válido nelas se esvai.

Do estrito e fundamental ponto de vista da composição urbana chegou o momento de definir e de delimitar a futura “volumetria” espacial da cidade, ou seja, a relação entre o verde das áreas a serem mantidas “in natura” (ou cultivadas como campos, arvoredos e bosques) e o branco das áreas a serem edificadas. Chegou o momento, digo mal – o último momento, diria melhor – de ainda ser possível avivar esse confronto e de assim preservar, para sempre, a feição original de Brasília como cidade-parque, o “facies” diferenciador da capital em relação às demais cidades brasileiras.

Por todos os motivos, só mesmo o tombamento será capaz de assegurar às gerações futuras a oportunidade e o direito de conhecer Brasília tal como foi concebida.

Para mim, como urbanista da cidade, importa principalmente o seguinte:

Respeitas as quatro escalas que presidiram a própria concepção da cidade: a simbólica e coletiva, ou Monumental; a doméstica, ou Residencial; a de convívio, ou Gregária; e a de lazer, ou Bucólica, através da manutenção dos gabaritos e taxas de ocupação que as definem.

Respeitar e manter a sua estrutura urbana, que é original, a partir da qual se estabelece a relação entre as quatro escalas.

Respeitar e manter as características originais dos dois eixos e do seu cruzamento, ou seja:

manter o caráter rodoviário inerente à pista central do eixo rodoviário-residencial;

manter non-aedificandi e livre o espaço interno gramado do eixo monumental, da Praça dos Três Poderes até a Torre;

manter a Plataforma Rodoviária como traço de união e ponto de convergência já consolidado do complexo urbano composto pela cidade político-administrativa e pelos improvisados assentamentos satélites;

manter o gabarito deliberadamente baixo do centro do comércio e diversões, sendo as fachadas dos dois conjuntos voltadas para a esplanada recobertas de fora-a-fora por painéis luminosos de propaganda comercial;

preservar e cuidar das pequenas Praças de Pedestres fronteiras ao Teatro e ao Touring, com as fontes, bancos e plantas sempre funcionando e em perfeito estado, tal como o grande conjunto de fontes ao pé da Torre.

Preservar o Eixo Monumental, da Praça dos Três Poderes à Praça Municipal (hoje Praça do Buriti). A Praça dos Três Poderes, complementada pela presença dos Ministérios do Exterior e da Justiça na cabeceira da Esplanada, se constitui, desde o nascedouro, uma serena e digna integração arquitetônico-urbanística, agora enriquecida pela presença dinâmica do Pantheon.

Manter o conceito de superquadra como espaço residencial aberto ao público, em contraposição ao de condomínio fechado; a manutenção da entrada única; do enquadramento arborizado; do gabarito uniforme de seis pavimentos sobre pilotis livres, com os blocos soltos no chão.

Manter a hierarquização do tráfego nas áreas de vizinhança graças à descontinuidade nas vias de acesso às quadras.

Preservar o grande parque público projetado por Burle Marx.

Resgatar e complementar os quarteirões centrais da cidade – o seu “core” – de acordo com as recomendações contidas em “Brasília Revisitada”.

Trata-se, em suma, de respeitar Brasília. De complementar com sensibilidade e lucidez o que ainda lhe falta, preservando o que de válido sobreviveu.

A cidade que primeiro viveu dentro da minha cabeça, se soltou, já não me pertence, pertence ao Brasil.”

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Movimento Moderno, texto Beatriz Brasil


ARQUITETURA MODERNA – NASCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E CRISE

Beatriz Brasil

 

O Movimento Moderno teve início a partir das mudanças ocorridas em função do Movimento Arts and Crafts que ocorreu principalmente na Inglaterra. Este Movimento difundido especialmente por William Morris teve como principal função a retomada das artes e ofícios feitos artesanalmente e foi totalmente contrário à industrialização.

O questionamento a este tipo de produção e o desenvolvimento da indústria principalmente na Alemanha e o término da Primeira Guerra Mundial, fizeram com que a sociedade reformulasse seus valores e os artistas fossem em busca de novas técnicas e teorias a serem experimentadas na arquitetura e todas as artes.

Neste período surgiram as primeiras vanguardas artísticas. Estes movimentos tiveram como base de pensamento a mudança no comportamento da sociedade e na forma de produzir a arte em todas as suas vertentes, passando para elas a nova forma de ver o mundo. Dentre todas as vanguardas artísticas, a que mais influenciou o Movimento Moderno, foi o Cubismo.

Iniciado através da pintura de Paul Cézanne, o Cubismo tinha como princípios básicos a geometrização das formas, a abstração, rompendo totalmente com a perspectiva e dando importância a todos os pontos da pintura, valorizando-a como um todo.

Na arquitetura estes princípios foram incorporados e rompeu-se com a ornamentação, procurando dar valor estético ao conjunto e fazendo com que todas as fachadas fossem importantes num projeto. As obras passaram a apresentar forma cúbica e o expectador teve a oportunidade de apreendê-la de uma só vez.

Peter Behrens foi um dos arquitetos que primeiro utilizou estes princípios. Em seu projeto para a Fábrica AEG, Behrens utilizou o tema industrial, dando função ao projeto e adotando as formas geométricas. Adotou fachada de vidro, iniciando uma tendência.

Walter Gropius sofreu influência direta de Peter Behrens e aliou os princípios cubistas da geometrização aos princípios de funcionalidade e racionalismo. Gropius foi contrário ao Movimento Arts and Grafts, defendendo a industrialização nas artes e na arquitetura, e o processo de ‘standartização’. Enquanto dirigiu a escola Bauhaus na Alemanha, difundiu e incentivou uma produção racional, voltada para a funcionalidade, feita industrialmente mas com qualidade.

Em seu projeto para a Bauhaus em Dessau na Alemanha, conseguiu traduzir toda a sua teoria voltada para limpeza espacial e ornamental e utilização de materiais industrializados e pré-fabricados na construção. O partido arquitetônico adotado definiu a função de cada bloco, além de utilizar a fachada totalmente de vidro, que já havia apresentado em seu projeto para a Fábrica Fagus.

Outro arquiteto de grande influência no Movimento foi Mies van Der Rohe. Através de sua obra Mies defende que “menos é mais”, ou seja, quanto menos ornamentada e complexa a obra, melhor será a sua apreensão por parte do observador e melhor sua utilização. Seus primeiros projetos voltados para estes aspectos mostram planta totalmente racional, onde os espaços são livres e definidos por móveis ou divisórias (exemplo: Casa Frasworth). Utilizou materiais produzidos industrialmente e defendeu a pré-fabricação de peças, além de adotar estrutura metálica e sistema de pilar, viga e laje como cobertura. Seu projeto para o Pavilhão de Barcelona é considerado uma das principais obras da arquitetura moderna.

Frank Lloyd Wright, arquiteto norte-americano, também pertenceu a este período atuando de forma a produzir arquitetura que utilizasse novos estudos e técnicas de construção, como a adoção de grandes balanços. Porém, tinha uma concepção estética mais historicista, utilizando formas orgânicas e materiais locais, além de uma preocupação grande em utilizar a natureza, a paisagem local e a luz natural, como parte do projeto.

Um dos principais representantes da arquitetura e do urbanismo modernos foi Le Corbusier, que por meio de seus estudos da história da arquitetura e baseado em estudos de proporções métricas, deixou grandes contribuições.

Le Corbusier introduziu no pensamento moderno seus princípios de arquitetura. Suspendeu o edifício, introduziu o pilotis, transformou a cobertura em teto-terraço – dando aproveitamento melhor a este espaço, utilizou grandes aberturas nas fachadas – colocadas no sentido horizontal proporcionando maior entrada de luz natural e, lançou na arquitetura o “passeio arquitetônico”, onde se tem a oportunidade de percorrer toda a obra e observá-la.

Estes princípios de Le Corbusier foram adotados em praticamente todas as ‘vertentes’ e áreas de produção modernistas. No urbanismo, a utilização desses elementos no projeto para Brasília, por exemplo, é bem clara. Os blocos de apartamentos sob pilotis, a escala bucólica, as grandes aberturas nas fachadas dos edifícios, a circulação, as funções pré-determinadas. Os princípios que surgiram neste período, e a idéia de produzir uma arquitetura e um urbanismo racional e funcional, geraram diversos encontros, os CIAMs que possibilitaram a elaboração da Carta de Atenas em 1933.

Apesar da visão social que os modernistas pretendiam atingir, suas teorias foram um pouco rígidas e difíceis de serem absorvidas pela sociedade com valores já estabelecidos.

O grupo que constituiu os CIAMs em seu último encontro, em 1947, dividiu-se dando origem ao grupo Ten-X, o qual tentou resgatar os princípios da vida na cidade baseados nos moldes antigos. Assim, a crise no Modernismo foi deflagrada. A partir de suas contribuições teóricas e práticas, o Movimento Moderno deu suporte ao que se seguiu na arquitetura, o Estilo Internacional. 

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Plano Piloto, proposta original de Lúcio Costa – entrevista com o arquiteto Antonio Carlos Carpintero


Às vésperas do cinqüentenário do projeto de Lúcio Costa, especialista da UnB mostra as alterações feitas à proposta original do urbanista.

Entrevista com o arquiteto e professor da UnB, Antonio Carlos Cabral Carpintero.

Fonte: Jornal de Brasilia 13/03/2007

Você consegue imaginar as quadras 700 e 900 como áreas de plantio e comercialização de frutas e hortaliças em mercadinhos? As avenidas W3 Sul e a W3 Norte como vias de circulação de veículos de carga? A Rodoviária do Plano Piloto no local onde hoje está a Torre de TV? Às vésperas do aniversário de 50 anos da escolha do projeto de Lúcio Costa como vencedor do concurso que escolheu a melhor proposta para a construção da nova capital do País – o anúncio da proposta vencedora ocorreu em 16 de março de 1957 – um professor da Universidade de Brasília (UnB) explica o que foi alterado no desenho original feito pelo urbanista, e como isso alterou a dinâmica da cidade.

"Na proposta original de Lúcio Costa, Brasília tinha uma estrutura linear. Havia o Eixão e os dois eixinhos e, a leste, só havia as quadras 200, enquanto que, a oeste, estavam as quadras 100, 300 e 500. As 600, 400, 700 e 900 foram acrescentadas depois e o sistema linear foi prejudicado", explica o arquiteto Antônio Carpintero, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB.

De acordo com Carpintero, o acréscimo das quadras 400 não ocasionou grandes mudanças, já que elas têm saída para um dos eixinhos e cada uma tem seu comércio local. As quadras 600, 700 e 900, porém, não estão ligadas aos eixos.

Quem morava, portanto, nesta região teve de fazer uso das L2 e W3.


Pomares       Além disso, as 700, originalmente destinadas a abrigar casas com pomares e hortas, tornaram-se uma área de habitações urbanas sem comércio local, no caso da Asa Sul, e uma área mista de habitação e comércio, como é o caso da Asa Norte.

A avenida W3, por sua vez, havia sido planejada para ser apenas uma via de circulação de cargas, com grandes armazéns, comércio atacadista e oficinas, que deveriam ficar nas quadras 500. A via L2 não deveria existir. Com a criação das novas quadras e o aumento do número de moradores no Plano Piloto, entretanto, as duas vias passaram a ser usadas, e o trânsito de Brasília tornou-se muito menos simples do que deveria ser.

"As 900, que hoje têm escolas e igrejas, deveriam ter alguns mercadinhos para comercialização dos produtos agrícolas das 700. Você pode observar na 906 e 910 Sul pequenos quiosques remanescentes dessa época", comenta Antônio Carpintero.

Um outro resultado da criação das quadras 700 é que, como na Asa Sul elas não possuem comércio local, os moradores passaram a ter que utilizar os comércios de outras quadras. "Aos poucos, o comércio que deveria ser local, para atender às necessidades de uma quadra, tornou-se geral. Em parte, isso contribuiu para os congestionamentos de hoje em dia nas quadras comerciais e para a especialização de cada conjunto de lojas, que deveria ser diversificado. Atualmente, você vê quadra dos restaurantes, de informática, e não foi assim que foi pensado", afirma Carpintero.

Sugestão       Ele explica que as alterações foram sugeridas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do País (Novacap), organizadora do concurso de projetos, e que a maioria das mudanças foi acompanhada por Lúcio Costa. "O objetivo da criação das quadras 400, por exemplo, foi disponibilizar apartamentos mais baratos, e as casas das 700 destinavam-se a professores que vinham trabalhar no sistema de ensino", afirma.

De acordo com ele, entretanto, as modificações resultaram em alguns problemas não previstos, para os quais contrubuíram a quantidade de pessoas acima da esperada que veio habitar o Distrito Federal e o número elevado de carros que circulam hoje em Brasília e nas demais regiões administrativas. "Lúcio Costa previu o aumento no número de moradores, tanto que criou as 400 tendo em vista a população mais humilde, que ajudou a construir a cidade. Infelizmente, no entanto, as pessoas mais pobres acabaram sendo empurradas para fora do Plano Piloto e o crescimento populacional foi maior do que o previsto", mostra Antônio Carpintero.

Órgãos públicos federais foram planejados, inicialmente, para ficar somente na Esplanada.

Torre no lugar da Rodoviária       De acordo com o professor Antônio Carpintero, o júri que elegeu o projeto considerou que o Plano Piloto estava muito distante do Lago Paranoá. Por isso, houve um avanço de cerca de 600 metros em direção à orla. A Rodoviária do Plano ficava, por sua vez, exatamente onde está hoje a Torre de TV, e foi trazida para frente no desenho da planta de Brasília. "Foi preciso fazer um aterro para aproximar a altura da Rodoviária da altura dos setores bancários, e mesmo assim há um desnível", explica o professor.

Um outro problema é que, segundo Carpintero, o edital da Novacap não especificava todos os órgãos públicos que deveriam ser transferidos do Rio de Janeiro para Brasília na época. Assim, Lúcio Costa projetou apenas a Esplanada dos Ministérios. Os demais órgãos tiveram que ser acondicionados depois. "A Praça dos Tribunais, por exemplo, onde estão o Superior Tribunal Militar, o Superior Tribunal Eleitoral e o Superior Tribunal do Trabalho, fica em um lugar absolutamente isolado e secundário. O Poder Judiciário merecia um destaque maior", afirma Carpintero.

Em homenagem ao cinqüentenário do projeto do Plano Piloto de Brasília, a UnB realiza hoje, no Auditório Dois Candangos, um debate comemorativo, com a presença do professor Nestor Goulart Reis Filho, aposentado da Faculdade de Arquitetura e diretor do Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação (LAP) da Universidade de São Paulo (USP).

Serviço       Debate comemorativo do cinqüentenário do projeto de Lúcio Costa, hoje, às 15h, no Auditório Dois Candangos da UnB.

Dinâmica própria       Pessoas ligadas à preservação e ao tombamento de Brasília consideram natural que a cidade tenha, ao longo dos anos, seguido uma dinâmica própria, e acreditam que não são as alterações feitas pela Novacap no projeto original de Lúcio Costa as principais responsáveis pelos problemas que a capital federal enfrenta hoje.

"É complicado porque Brasília, como toda cidade, tem uma dinâmica, mas também é um monumento, que deve ser preservado. No caso da especialização das comerciais, por exemplo, o ideal seria que cada uma fosse diversificada, mas os lotes estão dentro dos usos previstos para eles. Hoje, acredito que o ideal para resolver o problema do excesso de carros nessas quadras seria revitalizar os grandes centros comerciais de Brasília, que estão degradados", opina Maurício Pinheiro, chefe da Divisão Técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O arquiteto Carlos Magalhães, um dos representantes do escritório de Oscar Niemeyer em Brasília e defensor ferrenho das características originais da cidade, diz que ninguém poderia imaginar a quantidade de pessoas e o número de carros e habitantes que Brasília teria.

"Na época da construção, as pessoas reclamavam da largura das faixas, questionavam para que tanto asfalto. Não dá para culpar a especialização dos comércios locais ou as alterações ao projeto de Lúcio Costa pelos problemas, mesmo porque ele acompanhou as modificações. O erro foi dos administradores, que não investiram em transporte público bom e barato", avalia o arquiteto.

Qualidade de vida       Para ele, o projeto do urbanista cumpriu seu objetivo. "A proposta visou melhorar o padrão de vida das pessoas daqui do Plano Piloto, e serve de exemplo para que as pessoas das outras regiões administrativas exijam a qualidade de vida que existe aqui. Infelizmente, o mundo capitalista os colocou para fora do Plano Piloto", comenta, se referindo aos moradores mais pobres.

Para Magalhães, os principais problemas de Brasília e do Distrito Federal como um todo hoje, além do transporte, trânsito e falta de vagas nos estacionamentos, são a falta de oportunidades de emprego e estudo fora do Plano Piloto. As invasões de área pública e todos os demais atos de desrespeito ao tombamento também são considerados preocupantes, diz ele.

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Complexo Cultural da República, Brasília – Museu e Biblioteca – construção


(…) E fico a imaginar o setor cultural já realizado. De um lado, o museu com a sua cúpula enorme de concreto, o salão de exposições, os mezaninos se entrelaçando harmoniosamente, sem esconderem a cúpula imensa, bonita como um grande céu iluminado (…)"

Oscar Niemeyer

 

 

cúpula do Museu Honestino Guimarães, projeto Oscar Niemeyer – foto beatriz brasil 2006

 

O Complexo é composto do edifício do museu e do edifício destinado à biblioteca. Possui 11,2 mil metros quadrados de área construída e foi projetado por Oscar Niemeyer ainda na fase de construção de Brasília. O Conjunto ocupa uma área total de 91,8 mil metros quadrados. Nesta área além dos edifícios já citados foram construídos espelhos d’água e uma área de convivência onde deverão ser instalados restaurantes.

 

A Biblioteca é o edifício mais formal e fica próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Os cinco andares, abrangem salas de leitura, estudos e de trabalho. Parcerias com o Arquivo Público do DF e com as bibliotecas da Câmara dos Deputados e do Senado deverão contribuir para a formação do acervo. O prédio da Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, possui espaço para abrigar 500 mil obras.

 

O objetivo do Complexo Cultural da República é incluir Brasília no circuito internacional de arte. No projeto original, idealizado ainda na época da construção da Cidade, o Complexo deveria ser composto por seis prédios. Além do museu e da biblioteca, a idéia era completar o setor onde está o Teatro Nacional com um centro musical, um conjunto multiplex de cinemas e lojas, e cinema 180º.

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